Chamo a atenção para os diferentes termos com que designei coisas diferentes: apoio do corpo, por meio do “períneo” no arreio, encosto das pernas ao flanco do cavalo e contacto da mão do cavaleiro com a sua boca. A estas diferentes designações me obriga o facto de F.E.P. através do seu Reg. de Dressage ter definido o que é contacto, o que faz com que eu não possa empregar este termo com qualquer outro significado, isto para que nos entendamos com facilidade.
E agora o que queremos dizer quando afirmamos que é preciso empurrar com o assiette? Já vimos que não é com o assento, pois nem sequer nos devemos apoiar nele, mas sim no períneo. Também já vimos que uma das qualidades da boa colocação em sela é o equilíbrio. Portanto o cavaleiro para empurrar com o assiette tem que manter o equilíbrio e, aumentando um pouco a amplitude de abertura e fecho de todas as suas articulações, em cadência com os movimentos do cavalo, faz-lhe sentir que tem que aumentar o seu desejo de “andar para diante”, para bem executar o que o cavaleiro lhe pede. Isto nada tem a ver com o cavaleiro sentado bem atrás e pernas para a frente a procurar fazer “surf” em cima do cavalo.
É, portanto uma acção que tem que resultar da própria colocação em sela que deve ser naturalmente propulsiva, e tem que ter o empenhamento de todas as articulações do corpo do cavaleiro.
Os alemães Steinbrecht e Podhajsky referem frequentemente o assiette como origem de impulsão, sendo que este último autor preconiza, quase sempre, o emprego simultâneo do assiette e das pernas.
O Regulamento de Dressage trás um desenho (aqui reproduzido) que traduz muito bem o que se deve considerar como boa colocação em sela.
Sobre o texto de M. Ralão Duarte que transcrevi acima, quero fazer algumas considerações sobre estabilizar o corpo sem a força das pernas ou das mãos. Penso que isto significa que o tronco deve estar completamente descontraído e apto a absorver e anular todos os movimentos com que o corpo do cavalo nos agride, única maneira de, futuramente, as mãos e as pernas, também descontraídas, poderem executar acções justas e precisas. E também apoiado no arreio, não pelos ossos da bacia mas pelo períneo, para que a vertical do tronco possa passar no calcanhar, como está no desenho, acima, única maneira de se conseguir um bom equilíbrio a cavalo, tudo isto com o objectivo de as mãos e as pernas poderem estar imóveis em relação, respectivamente à boca do cavalo e ao seu costado para que as suas ajudas possam ser precisas e justas como disse umas linhas acima, mas não me canso de repetir.
Mas, ainda sobre a tradução de assiette por assento, fui encontrar no Regulamento de Dressage da FEP, o seguinte:
Artº. 470 – Posição e ajudas do cavaleiro (Artº. 418 do RD FEI). 1 – … 2 – O assento tem uma importância tão grande como a acção das pernas ou das mãos. Somente um cavaleiro sabendo soltar ou fixar a região lombar no momento certo está em condições de agir correctamente sobre o cavalo.
Alguns comentários:
• Não gosto do termo POSIÇÃO pois dá-me a noção de um conceito muito estático. Gosto mais de COLOCAÇÃO EM SELA que traduz um conceito mais dinâmico.
• E, além disso, o que é que tem a ver o “assento” com “soltar ou fixar a região lombar no momento certo”?. É a tal tradução de “assiette” que nada tem a ver com “assento”, como me parece
E já que estamos a tratar de colocação em sela, parece oportuno dizer qualquer coisa com respeito aos exercícios a efectuar para que se conseguir uma assiette correcta.
Na pág. 63 da 2ª edição do Manual foram incluídos uns desenhos, que reproduzo na página seguinte, que querem significar alguns exercícios de flexibilização para se conseguir uma boa assiette. Não se percebe porque foram incluídos nesta pág., e não noutra qualquer, pois não têm qualquer conecção com o texto ou com o capítulo no qual foram inseridos.
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